Acumulação, Estado, Classes e Conflito Distributivo na China

A abordagem teórica aqui privilegiada insere-se no campo da economia política marxista e seus desdobramentos, da economia política internacional crítica, tradições de longas durações históricas e institucionais críticas. Entendendo que o processo de acumulação de riqueza vem junto com a acumulação de poder, interessa-nos analisar o tipo de formatação social (estratificação de classes, blocos de poder), a dinâmica das suas lutas internas e sua interação com a economia política internacional que definem o tipo de Estado e sua capacidade de atuação.

O processo de criação de classes sociais na China é extremamente particular porque se trata de um Partido-Estado que regula completamente o processo de criação de novas classes, sobretudo de uma nova elite capitalista. Não se trata de um Estado atado a interesses estabelecidos, como estamos habituados. Na China, não se permitiu, até aqui, que as lutas entre os blocos no poder tornassem a orientação da acumulação difusa. Em larga medida, elites econômicas e elites políticas desenvolveram-se de maneira profundamente imbricada na China pós-Mao. Portanto, essa linha de pesquisa busca identificar como tem se transformado a relação entre Estado, forças sociais e regimes de acumulação na China contemporânea.   Essa são algumas das questões no campo da economia política crítica sobre as quais nossas pesquisadoras e pesquisadores têm se debruçado

As perguntas de pesquisas iniciais que se colocam são:

  • Como se relacionam Estado e burguesia nacional na China de hoje?
  • Quais as características essenciais da classe trabalhadora chinesa e suas transformações em um contexto de precarização global?
  • Qual o perfil do conflito distributivo da China em comparações internacionais?

Nossas pesquisas iniciais sugerem a existência de ao menos três mecanismos utilizados pelo Estado-Partido para concentração de riqueza a serviço do regime de acumulação: transferência de ativos estatais ou coletivos via privatizações para os de dentro (‘insider privatization’); bolha imobiliária e expropriações; e regulação indígena em novos setores estratégicos (Nogueira, Chen e Pinto, 2015). Uma nova dinâmica de acumulação está em curso com o processo recente de internacionalização da moeda chinesa e com o concomitante relaxamento dos controles de capitais, levantando perguntas sobre se o processo de financeirização chinesa estaria caminhando em direção à desregulamentação familiar no ocidente ou não (Cintra e Silva Filho, 2015; Wang, 2015; Vermeiren e Dierckx, 2012).

Essa linha de pesquisa irá também privilegiar abordagens que coloquem o padrão de acumulação chinês e sua relação capital-Estado em um contexto histórico, em particular da economia política agrária imperial (Aglietta e Bai, 2014; Arrighi et al., 2003; Wong, 1999). E que permita um esboço da lógica geral de funcionamento do sistema sinocêntrico até meados do século XIX.

 

O projeto é integrado por:

  • Isabela Nogueira (UFRJ) – coordenação.
  • Chen Huashan (Instituto Nacional de Desenvolvimento Social, Academia Chinesa de Ciências Sociais).
  • Eduardo Costa Pinto (UFRJ).
  • Hao Qi (Renmim University).

 

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